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Madalena lendo é um dos três fragmentos sobreviventes de um grande painel de retábulo do século XV do pintor holandês Rogier van der Weyden. Terminado entre 1435 e 1438, encontra-se na National Gallery de Londres desde 1860. Mostra uma mulher de face pálida, com os ossos da maçã do rosto proeminentes e pálpebras ovais, típicos dos retratos das mulheres nobres do período.
A mulher está identificada como Madalena no jarro de unguento colocado à frente, o qual é um dos seus atributos na arte cristã. Ela é apresentada como estando completamente concentrada na sua leitura, um modelo de vida contemplativa, arrependida e absolvida de pecados passados. Na tradição católica medieval, Maria Madalena é confundida com Maria de Betânia, que ungiu os pés de Jesus Cristo com óleo e com a "pecadora" desconhecida de Lucas 7:36–50. A iconografia de Madalena mostra-a habitualmente com um livro, num momento de reflexão, a chorar ou com o olhar afastado. Van der Weyden presta muita atenção aos detalhes, em particular às dobras e ao tecido do vestido da mulher, à pedra de cristal das contas do rosário segurados pela figura sobre si, e à exuberância do exterior.
O fundo da pintura foi pintado por cima com uma camada espessa de tinta castanha. Uma limpeza efectuada entre 1955 e 1956, que removeu esta camada, revelou uma figura de pé, atrás de Madalena, e outra de joelhos com os pés descalços à sua frente, com uma paisagem visível através de uma janela. As duas figuras vistas parcialmente foram cortadas do painel de Londres. A figura acima de Madalena tem sido identificada como pertencendo a um fragmento de um quadro exposto no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que mostra a cabeça de São José, enquanto outro fragmento em Lisboa, que mostra, supostamente, Catarina de Alexandria, julga-se que seja do mesmo trabalho. O retábulo original era uma Sacra conversazione, apenas conhecido através de um desenho, a Virgem e Menino com Santos, do Museu Nacional de Estocolmo, que parte de uma cópia de uma pintura que, provavelmente, data do final do século XVI. O desenho mostra que Madalena ocupava a zona inferior direita do retábulo. Os fragmentos de Lisboa têm um terço da dimensão deste quadro, que mede 62,2 cm × 54,4 cm.
Embora van der Weyden tenha tido sucesso durante a sua vida, o seu nome e obras ficaram obscurecidos a partir do século XVII, só sendo redescoberto no início do século XIX. Os primeiros registos do Maria Madalena a Ler datam de uma venda em 1811. Depois de passar por várias mãos na Holanda, o painel foi adquirido pela National Gallery de Londres, em 1860, a um coleccionador de Paris. Este trabalho foi descrito pelo historiador Lorne Campbell como "uma das grandes obras-primas da arte do século XV, e está entre os melhores trabalhos, de início de carreira, de van der Weyden."